sexta-feira, 13 de agosto de 2010


Dura capacidade de existir. Vai branda na alma e empedernida de mente. Libertação inexistente, anseia pelo pedaço de chão que não tem baixo os pés.


Deitada no chão, sente a terra vermelha a invadir-lhe as narinas, deixando o rasto das histórias de quem a pisou, e assim vive a vida. O vento dança com as folhas, presas, ou caídas, das árvores, a luz por vezes espreita, mas a ansiedade continua. Mantém-se deitada, o silêncio por companhia, garante que nada há alem do vazio, nem a própria solidão, porque tem medo de se cansar e não poder sentar a vontade de chorar, em nada. Tudo fica consumido, mas a ansiedade permanece, a calma partiu em busca de nada mais além da vontade de encontrar a surpresa.


Da clausura foge uma lágrima, que percorre devagar um rio de pele e atira-se à terra, e sorri, ainda no ar, cai e funde-se. Sente-se a inveja da fusão, a possessão do grão assimilado, a cólera pela liberdade da lágrima.


Quero ser lágrima e sentir a pele, festejar a voar, e fundir o meu corpo nos grãos de terra.

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