quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Deixar ir

É assim q costuma ser, o corpo cede à mente, e o controlo fica para quem o quiser dominar, não paro para pensar ser, apenas me quero dedicar a ser. Deixa ir, correr por entre a água que corre por entre rochas, sentir o arrepio da emoção, viver o oculto com olhos desgarrados da realidade, voar, se assim quiser, encher-me de vontade, cair na inércia de mais um dia, viver um dia, perder um dia, ou passar um dia, que importa… levar no bolso uma folha em branco, terminar o dia com a folha cheia.

As palavras são mitos que a nossa boca teima em contar. As acções são pegadas que o nosso corpo teima em deixar ficar.

Agora aqui, amanha ali, nada será diferente, a não ser que a vontade assim o queira.

Vejo-me e não me reconheço, cedo mais um pouco, não há menos de mim, mas mais de mim, e esse mais ainda é selvagem, ditoso, caprichoso.

O tempo passa e torno-me mais selvagem, as portas que se abrem são mais pequenas que as janelas que me rodeiam. Quero ser maior, ou mais pequena? Sinto o corpo a flui com as semi-decisões, mas não saio do meio da sala.

Tudo pode ser diferente, de facto, se me apetecer.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010


Dura capacidade de existir. Vai branda na alma e empedernida de mente. Libertação inexistente, anseia pelo pedaço de chão que não tem baixo os pés.


Deitada no chão, sente a terra vermelha a invadir-lhe as narinas, deixando o rasto das histórias de quem a pisou, e assim vive a vida. O vento dança com as folhas, presas, ou caídas, das árvores, a luz por vezes espreita, mas a ansiedade continua. Mantém-se deitada, o silêncio por companhia, garante que nada há alem do vazio, nem a própria solidão, porque tem medo de se cansar e não poder sentar a vontade de chorar, em nada. Tudo fica consumido, mas a ansiedade permanece, a calma partiu em busca de nada mais além da vontade de encontrar a surpresa.


Da clausura foge uma lágrima, que percorre devagar um rio de pele e atira-se à terra, e sorri, ainda no ar, cai e funde-se. Sente-se a inveja da fusão, a possessão do grão assimilado, a cólera pela liberdade da lágrima.


Quero ser lágrima e sentir a pele, festejar a voar, e fundir o meu corpo nos grãos de terra.

terça-feira, 20 de julho de 2010

um corpo que pesa, uma mente que voa.

Tombo no imenso turbilhão, temo não perceber, consigo apenas ver, que afinal, nada há a temer.


Trago febre na pele, calafrio interno, corro imenso, pesando cada grão do piso que piso, sinto o cheiro da aflição de estar perdida, engulo o nó que dói ao passar, fumo mais um cigarro, quero apenas estar.

Empurro o meu ego para fora do meu corpo, estou farta de me ouvir pensar. É este silêncio que me consome, que me corrói, e assim inerte vou correndo, por esse piso que estremece à minha passagem.

Quero flutuar, mas o ar não me sustem com tanto que levo em que pensar.

Deixa-me, quero que saias daqui, deixa-me voar.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Outro espaço, mais uma ida, quem sabe sem volta...


Impressa na estrada, nos relevos de terras misturadas e histórias.



Vislumbro uma vontade condicionada, certezas escondidas em arbustos de nenhures, desejos expostos, que olham como gazelas assustadas.


Assim foi a minha caminhada, complexa, com destreza amestrada, mas com cabeça erguida, a esconder a vergonha ilusória.


Um dia, o sol deixou-me ir, apenas, e num fôlego escorri através do vento, e voei… na pele o arrepio da perda, na voz, aquela doçura afiada, até um pouco magoada, talvez…


Tenho vontade de tocar todo o movimento, passo a mão naquela folha e a fera que trago escondida, nada na escuridão sedenta.


Traz de volta o meu beijo, que tenho saudades.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Consciência

Por vezes, esquecidos da simples possibilidade de apenas ser, deixamo-nos ir na realidade do estar, e quando menos se quer, o sangue pára.

Lá fora, o ar envolve-me a pele, e sinto-me sobejamente lisonjeada, mas oiço o chorar miudinho de menina. Continuo ali, esquecida na simples possibilidade de apenas ser.

A verdade é que não sei se quero continuar.

Aqui estou tão bem